Uma Diversão de Potestades – O Meu Novo Romance
- Luis Manuel Silva

- 24 de jun.
- 3 min de leitura
Apresentação do meu novo Livro "Uma Diversão de Potestades"
Enquanto Yahweh e Moloque jogam xadrez, a terra arde.
Os peões, humanos, movem-se sem saber que fazem parte de um jogo divino, onde cada jogada altera o rumo das guerras, das vidas e da história. Neste romance, acompanhamos um grupo de jovens da Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, apanhados de surpresa pela invasão da Ucrânia.A solidariedade leva-os a agir, a enfrentar o sofrimento e a descobrir que os deuses não jogam apenas num tabuleiro — jogam em todos.
"Uma Diversão de Potestades" é uma história intensa, humana e sem medo de levantar perguntas difíceis sobre poder, fé, moralidade e destino.

Texto do livro já disponível em versão Kindle
A mais importante das universidades de Nova Yorque, e uma das mais antigas dos Estados Unidos, é a de Colúmbia. Prestigiada em todo o mundo, localizada em Manhattan, centro financeiro do poder económico global, a universidade é procurada por todos aqueles que têm poder económico para frequentá-la e desejam ter uma carreira de sucesso em qualquer um dos ramos que o ensino proporciona. Por ela passaram políticos como Roosevelt e Obama, Nobéis como Millikan, Fermi e Stiglitz. Os estudantes que se candidatam podem escolher, de acordo com as suas apetências pessoais, humanidades, ciências sociais, naturais e matemáticas, negócios, medicinas, engenharias, justiça e muitos mais ramos do saber. A pesquisa avançada, associada à qualidade do ensino, permite que os universitários estejam na linha da frente de outras academias e tenham um elevado desempenho nas lideranças globais.
Os estudos superiores acabaram por ser contaminados pela multiculturalidade da cidade. Para aquele espaço de saber, têm confluído ao longo da história os mais diversos falares e nacionalidades. Os espaços universitários e académicos foram concebidos para proporcionarem ambientes inclusivos a diferentes nacionalidades e etnias. O cosmopolitismo dos estudantes, associada à diversidade cultural, cria uma atmosfera de diálogos promovidos pelas próprias academias. Deste modo, promovem a integração e a inclusão, aprendem a crescer e a criar compromissos com respeito mútuo pelo outro e a compreender tradições estranhas.
Para além da inclusão e integração promovida pela universidade, as próprias comunidades nacionais e étnicas criam mecanismos dinâmicos e permanentes de interação, como clubes e eventos culturais entre nacionalidades. A maior das fragilidades, mas também a maior das forças, entre grupos históricos e culturalmente antagónicos, está nos russos e povos da antiga União Soviética, chineses e comunidades étnicas submetidas, povos das regiões do Médio Oriente, como israelitas e palestinianos. Para estas comunidades, foram criados ambientes de respeito e diálogo construtivo. As diferenças são discutidas e esbatidas em eventos comunitários abertos, procurando encontrar e compreender as razões que levaram ao antagonismo, por vezes rancoroso. Quanto mais profunda e distante a raiva mais os estudantes são encorajados a procurar as diferenças, e nelas deverão esforçar-se por encontrar pontos de vista comuns tendentes a levar à paz, tolerância, cooperação.
As nacionalidades russas e ucranianas, israelitas e palestinianas, árabes e judaicas, são comunidades de povos bem representados no Campus da Universidade. Todos se esforçam por conviver, revisitar e polir as suas diferenças históricas, culturais e bélicas. A comunidade judaica é, particularmente, ativa. Por serem judeus, são não só solidários para com os cidadãos de Israel como, também, para com os judeus de todas as nacionalidades. Do ponto de vista religioso, as comunidades judaicas não são diferentes das comunidades cristãs, muçulmanas e outras. Os cultos rituais são integradores e dão a ilusão de criarem sociedades transnacionais homogéneas, quando, na realidade, muitas acabam por lutar entre si no mesmo espaço religioso, quando não dentro do mesmo espaço político, linguístico e nacional. A árabe, apesar das nacionalidades, era mais regional, principalmente a do Médio Oriente. A palestiniana, por ser apátrida, era a mais solitária. Tanto russos e ucranianos como judeus e palestinianos tinham a oportunidade para interagir entre si em atividades académicas, culturais, desportivas e muitas mais, assim como com outras nacionalidades.
Foi esta liberdade de diálogo com o outro que levou muitos estudantes a escolher a Universidade de Colúmbia para se formarem, mas também, e principalmente, para conhecerem o outro, já que nos seus locais de nascimento não tinham a oportunidade para o fazer. Muitos, cansados da exploração, humilhação e guerra, procuravam encontrar caminhos que os ajudassem a compreender o que se passava. Como os seus povos tinham chegado a tais extremos de submissão e humilhação, sonhavam em poder fazer alguma coisa e contribuir para o entendimento e a paz entre os povos. Neste contexto, ou porque tinham meios ou porque tinham coletas e bolsas de estudo, foram enviados para Colúmbia para aprender a interagir com o “inimigo”. O objetivo era o mesmo: abrir caminhos de diálogo para o entendimento.





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