O Alerce: Três Milénios e a Pressa da Vida
- Luis Manuel Silva

- 25 de nov.
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de dez.
O Alerce e a Lição de Belém. Com mais de 3000 anos, esta ferida do passado adverte a Cimeira: a pressa que quase o derrubou é a mesma que hoje ameaça o coração da Amazónia.

Alerces
Um Alerce, seiscentos anos.
Outro, dois mil e quinhentos.
outro ainda! três mil e seiscentos!!
Que faz estes Matusaléns
enraizarem-se na terra,
agarrarem-se à vida?
Com vidas sem pressa,
viram a pressa da vida a feri-las,
sem as derrubar, no derruir
dos séculos e milénios!
Mesmo com feridas profundas
no corpo encorpado,
resistiu,
cresceu
e do alto dos cinquenta metros,
dos três mil e seiscentos anos,
continua jovem e maduro,
sem vontade de tombar.
Viu o machado de pedra no tronco,
viu nascer a escrita,
viu a história a decorrer,
viu fazer e desfazer impérios,
viu Troia e as Termópilas,
viu Alexandre e Cleópatra,
viu lutas de Maias e Incas,
viu caravelas ventadas no mar,
viu a avidez de Cortez,
viu naus com fome de madeira,
viu irmãos arrastados para lá do mar,
viu fornos crematórios,
viu tudo e todos
e a todos e a tudo resistiu!
Vê a civilização bem vestida,
enlevada e deslumbrada,
e mesmo com rugosidades
e calosidades nas feridas,
é um portento e resiste!
Por pouco não o mataram!
Ficou ele e uns irmãos
nos recessos dos acessos,
impossíveis de chegar.
Ainda que com cicatrizes,
é moço para mais uns anitos,
ver civilizações morrerem,
outras tantas nascerem,
mais justas e equilibradas.
Que sejam amigas
do crescimento livre,
que saibam refazer
o que foi desfeito,
que cuidem do pouco
que resta.

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