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Na Estrada para o Mato — Viagem, Paragens e Encontros no Coração da Guerra

  • Foto do escritor: Luis Manuel Silva
    Luis Manuel Silva
  • 26 de ago.
  • 2 min de leitura


Seguir uma coluna militar pelo interior de Angola não é apenas uma experiência física. É um mergulho num mundo onde o tempo parece dilatar-se entre a poeira, o sol que não perdoa e as paragens inesperadas que rasgam o silêncio da estrada. A paisagem, vasta e áspera, é o espelho da incerteza que paira no ar, uma guerra que não se vê mas se sente em cada pedra, em cada olhar cansado dos soldados.



Uma das pausas de descanso a meio caminho de uma jornada de dois dias para o Leste de Angola.
Uma das pausas de descanso a meio caminho de uma jornada de dois dias para o Leste de Angola.


A viagem começa em Luanda, cidade fortificada, vibrante e de mulheres que contrastam com o cinzento da metrópole europeia. Aqui, o quotidiano é uma mistura de rotina militar e vida que insiste em brilhar. Mas, pouco a pouco, as ruas dão lugar à estrada que leva ao mato. Os quilómetros são muitos, mas na terra angolana, percorrer 500 ou mais de mil quilómetros é apenas o começo. As viaturas militares seguem em fila, o som dos motores e o ranger dos pneus na poeira são a banda sonora de um caminho sem certezas que levam ao Cu de Judas.

Cada paragem é um momento de respiro, uma pausa para que os corpos e as mentes se ajustem à realidade. É nesse intervalo que o improvável pode acontecer: reencontrar uma cara querida de um familiar ou amigo do puto, um rosto que ficou na memória, um olhar que nunca se apagou, uma história interrompida em Luanda e que agora ganha uma segunda oportunidade — ainda que o cenário seja a sombra da guerra. São encontros que mexem com tudo, uma faísca que aquece a alma no fio fino frágil da incerteza.

O comboio de viaturas não transporta só homens e armas. Carrega histórias, sonhos, medos, desejos e a luta silenciosa de cada um para se manter inteiro diante do caos iminente. É uma viagem que prepara o corpo, endurece a alma, molda destinos e mantém a esperança, mesmo quando o futuro parece envolto numa nuvem escura.

Este é o ambiente que “O Futuro Põe-se ao Pôr do Sol” procura captar: a dureza de uma guerra que se aproxima, a complexidade dos encontros humanos, a força das emoções que resistem mesmo quando tudo parece desabar. Um retrato cru, mas cheio de vida, de um país e de pessoas que vivem entre o medo e a vontade de continuar.



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