Luanda militarizada e a chegada ao mato: o despertar da selva e do medo
- Luis Manuel Silva

- 19 de ago.
- 2 min de leitura
Quando os soldados recém-chegados se despedem das ruas vibrantes de Luanda, ainda que carregadas de tensão, iniciam uma travessia para o desconhecido: o mato e a selva densa, onde o confronto com a guerra se torna inevitável. É o momento da transformação profunda, onde o espírito, que chegou cheio de esperanças e medos, vai ser testado nas condições mais duras.

A cidade, mesmo com a militarização e o controlo, oferece uma espécie de proteção — paredes, ruas conhecidas, rostos que de alguma forma dão uma falsa sensação de segurança. No mato, não há paredes nem certezas. As selvas e os capins são imensos, opressores, e cheios de ruídos que confundem o sono e aguçam o medo. Aqui, o combate, mais do que físico, é mental. O mato converte-se num palco onde as fragilidades e a coragem de cada um se expõem nuas e cruas, sem máscaras.
O livro “O Futuro Põe-se ao Pôr do Sol” mostra esta passagem de uma forma que não glorifica a guerra nem o sofrimento. Mostra a dimensão humana e o impacto psicológico. Os protagonistas aprendem a lidar com os silêncios e os falares das selvas e matos, as esperas intermináveis, as incertezas que os envolvem como os cacimbos que engolem a envolvência. Ainda antes deste cenário duro e selvagem, emerge uma história de amor breve, fulgurante, impossível, que desafia o tempo e o espaço.
Este romance nasce da necessidade de manter uma ligação com a humanidade num mundo que quer desumanizar. O encontro entre duas pessoas que sabem que não há futuro para eles, cria um contraste poderoso com a dureza do ambiente e a Esperança de resistir. Ambos com lutas e destinos diferentes, conseguiram atear uma chama e mostrar que, mesmo em tempos de guerra, o desejo e a vida querem vencer.
Para quem lê, esta narrativa convida a refletir sobre o impacto da guerra para além das batalhas, para além dos tiros e bombas. É um mergulho nas emoções, nos receios, nas pequenas vitórias, nos momentos fugazes de felicidade. O mato não é o cenário; é a metáfora para os desafios internos de cada personagem, para a luta entre o medo e a esperança.
Ao acompanhar esta jornada, o leitor é levado a sentir o peso de cada decisão, a tensão de cada instante, a intensidade de cada sentimento. “O Futuro Põe-se ao Pôr do Sol” não é um livro sobre a guerra — é um livro sobre a vida que persiste, mesmo quando parece prestes a acabar.




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